terça-feira, 29 de novembro de 2011

Fé e esquisitices

Eu nunca me encaixei nos estereótipos das menininhas bonitinhas da escola, mas, na adolescência, eu fiquei ainda mais esquisitinha. Culpa da puberdade que, geralmente, piora tudo. A pele ficou mais oleosa, o cabelo uma verdadeira derrota e ainda vieram as espinhas, que não eram grandes, mas eram muitas. Além do mais, eu era magrela, muito mais do que hoje. E, o agravante maior, eu nasci menina, então, todas essas questões são muito mais intensas na auto-estima feminina do que eu imagino que sejam na dos meninos - tirando as exceções. No mais, eu ainda continuo desengonçada como uma adolescente, mas um pouquinho melhor agora, eu acho. rs

O fato é que, assim como a minha esquisitice na adolescência, talvez, nunca antes, a fé tenha andado tão esquisita como em nosso tempo.
Tem gente que culpa a igreja, como instituição. Eu bem concordo há tempos que o cristianismo como religião humana, anda falido faz tempo. Porém - e isso eu já escrevi aqui no blog - nunca desacreditei da igreja como corpo, e nem da sã doutrina, o evangelho de Jesus. E nesse, o evangelho, creio com todas as minhas forças que, por mais esquizofrênico que ande o mundo e suas fés, o evangelho jamais será como tal. Ao contrário, o evangelho de Cristo, Cristo e seu evangelho, são o remédio, a cura que desisquizofreniza qualquer mente ou realidade, independente da cultura ou localização geográfica, bem como condição social, libertando indivíduos - que não são números e nem estatísticas, mas gente de verdade que se alegra, sofre, ri e chora - e nações inteiras de toda esquisitice opressora, aleatória ou não.

O evangelho, puro e simples, livra as gentes das igrejas malucas, dos picaretas da fé, porque no evangelho, é só amor, e o amor é Deus e quem ama conhece a Deus, porque Deus é amor.

Sobre isso, o Lenine anda cantando uma frase assim numa das músicas do seu novo álbum 'chão', óh: "Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um montão de claridade, contribuição pra cura dos problemas da cidade". E eu concordo com ele.

Certa e convicta destas coisas, em contrapartida, da minha fé, ninguém me convenceu. E nem poderia. Quando a gente se deixa convencer, quer seja pela persuasão de um bom interlocutor, ou pela manipulação barganhista de um picareta qualquer, a gente é juntamente convencido de mais um monte de coisas que, na verdade, não são nossas, mas de outros, transferidas para nós e embutidas em nós como se nos pertencessem, com a única força de nos confundir. Quem é vitima do convencimento, geralmente, enfrenta dificuldades na hora em que sua fé é confrontada por argumentos muito mais coerentes e coesos do que tudo o que foi professado como crença e fé até agora pelo indivíduo. É assim que Deus é taxado de loucura, bem como loucos são seus seguidores. E eu acredito, porque a fé surgiu em mim por uma experiência genuína que a cada dia faz mais sentido. Quem me conhece sabe e sabe que eu não escondo, porque creio.

Eu fico pensando em quando os discípulos estavam no barco lá no meio do mar, e aí Jesus apareceu. Cê lembra ?

O primeiro pensamento era de que Jesus fosse um fantasma. E isso era menos esquisito pra eles do que pensar que era Jesus 'sobrevoando' o mar, sem afundar. Depois, eles viram que era mesmo Jesus e Pedro quis ir até ele. Quando Jesus disse vem, o Pedrão pegou e foi. Aí, a gente sempre pensa: é, mas ele afundou. Tá, ele afundou. Mas antes, ele andou. Pro Pedro, crer que Jesus poderia fazê-lo andar sobre o mar não era nada esquisito.  Esquisito mesmo era andar sobre as águas no meio do vendaval. Aí, essa esquisitice toda interferiu na fé que ele tinha, por isso ele afundou.
E mesmo assim, já afundando, acreditou que Jesus poderia salvá-lo.

Desde sempre, crer que existe um Deus criador é super esquisito. Na verdade, só é esquisito pra quem não crê. Eu, particularmente, acho o paradoxo de crer que não existe nada pra se crer muito mais estranho. É que acreditar que não há nada para se crer já é ter uma crença e, logo, uma esquisita contradição. rs
Mas disso tudo, creio mais é que na fé, genuína fé de quem descobre a verdade que há em crer em Jesus e no evangelho, é na verdade o menos maluco. 

No meio de tanta crença esquisita e fé em outras coisas mais esquisitas ainda, Jesus sempre foi a cura, a sanidade pra toda e qualquer maluquice. 
Quem dera hoje, a esquisitice da nossa fé fosse crer como Pedro, que experimentou a esquisita sensação de andar sobre as águas do mar, mas tinha no coração a certeza de que, ainda que parecesse uma grande maluquice, crer em Jesus não era nada esquisito, mesmo que o amor dEle por todos soasse como uma esquisitice aos ouvidos e coração dos homens.

O amor e verdade daquEle que é o amor, e que se fez esquisito como nós, pra nos livrar da nossa própria esquizofrenia, me parece sanidade que ecoa ao coração de todos. Aí, eu continuo cantando junto com o Lenine, que de algum jeito bem esquisito, também sabe: qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.








Isa.