quarta-feira, 10 de março de 2010

O Marketing da Fé

Uma vez, na minha adolescencia, me disseram que ser um cristão radical era dizer não às drogas. haha, pode rir. Eu também dei risada.
Achei curioso e pensei que, talvez, me soaria com algum sentido se eu tivesse problemas com drogas. Mas eu duvido. Se não usei drogas foi porque usa-las me fez muito menos sentido do que a tal afirmação sobre o que é ser radical.

Assim, uso esse episódio como pretexto para perguntar; Por que dizer não às drogas é radical?

Eu não quero ser a maça podre aqui, e nem avacalhar com todo o esforço realizado em pról da tentativa de manter a moçada longe das drogas. Mas, é que não faz o menor sentido mesmo. Seria como eu dizer que um cristão tradicional é aquele que não bate palmas na igreja na hora das canções, caso eu quisesse que ninguém batesse palmas no culto.

O que vejo, é apenas que tudo faz parte de alguma coisa que eu chamarei aqui agora de 'marketing da fé'. Digo isso porque não entendo o que essas estratégias de persuasão, e tantas vezes manipulação mesmo, na caruda, podem produzir de melhor que o simples e puro evangelho não possa.
No evangelho, tudo está tão às claras, tão solto que é justamente por isso que ele vem como Boa Nova, como libertação, que produz bons frutos e transforma as vidas de quem entende e passa a viver o próprio evangelho; sem máscaras, manipulações ou tradicionalismos.
Não é necessário que existam essas coisas. Ora, se Deus é luz, logo, nada está escondido, posto que em nada haja escuridão e possa ser camuflado. Isso é o que faz da vida com Deus um jogo limpo. Mas, essas coisas surgem porque alguém antes também disse que um cristão 'assim', tinha que ser 'assado'.

O problema não é dizer isso, mas a forma como se diz e para que se diz. Isso me faz lembrar de quando Jesus disse aos discípulos que importava que eles amassem uns aos outros e que apenas o amor daria valia a tudo o que viessem a fazer. Não há manipulação, apenas um caminho para a verdade. Jesus não argumenta nada além de que sem amor nada vale. Sim, leia lá em João. Jesus está dizendo que importava apenas que eles amassem e que pelo amor eles seriam conhecidos como seus discípulos, mas ele não diz 'um bom disípulo meu é aquele que ama'. Ele apenas diz que a gente precisa amar e que a consequência disso seria sermos conhecidos, pelos outros, como seus discípulos.

Ele não dá importancia pro título, mas, ilustra o que quer dizer com a idéia de que discípulo é aquele que ama. Ora, Ele diz assim porque não há como ser discípulo sem amor, pois, Deus é amor e quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus amou o mundo de tal maneira que...

Então, se quem não ama não é discípulo, acaso, quem usa drogas não é cristão?

Pergunto isso sem fazer apologia a nada. Mas apenas para ilustrar como a lógica ‘cristã’ é diferente da ‘lógica’ de Jesus. Jesus não trabalha com esteriótipos, condições, tipos disso e daquilo. Ele trata sim de problemas existênciais, circunstânciais, sociais e espiriuais, conforme cada pessoa necessite. Em João é possível encontrar todos esses tipos abordados por Jesus. E, em nenhum deles Ele diz ‘gente assim é assado’. Apenas trata tudo como deve ser tratado, sem dar importância excessiva ao que não é necessário. No mais, diz o que é o evangelho e como deve ser a vida. Ora, as coisas do evangelho, que é Jesus, são coisas simples e que produzem o que é bom pra existência do homem. De modo que, tudo é feito na verdade e no amor, porque isso produz vida.

Assim, que argumento pode ser mais poderoso e transformador do que o próprio evangelho puro e simples?

Ah, mas nossas igrejas estão tão cheias de discursos de manipulação, de constrangimento, disso e daquilo, de proibições, de lista de pecados, de punições pra isso e para aquilo. Pra moçada, eles tentam vender um esteriótipo ‘desejável’ afim de ‘proteje-los’ dos perigos do ‘mundo’. Daí o velho discurso sobre ‘ser diferente’, ‘radical’, ‘descolado’, isso e aquilo. Tenho tanta preguiça dessas coisas agora.
Você não pode falar palavrão, mas pode julgar o irmão. Você não pode beber cerveja e não pode um monte de coisas [É claro que, se você possuí tendências para o consumo de bebidas e o que for – quer seja por razões biológicas, genéticas, influência e etc – bom é que você não consuma e nem experimente para não desenfrear em você pulsões de auto-destruição.]

Até chega a parecer que quem ensina tais coisas com tal metodologia não crê que a sobriedade quem dá é a conciência do evangelho e que o espírito é quem convence de todas as coisas. Ora, acaso o que está em mim não é maior do que o que está no mundo? [E quando digo mundo, não entenda como se diz por aí, pois, eu e você também somos do mundo. Alguém aí já conheceu alguém que fosse de outro planeta, galáxia ou dimensão?]

Lembrando que aqui, não estou fazendo nenhuma apologia à nada. Já escreví aqui mesmo nesse blog sobre como creio que tudo nessa vida, mas tudo mesmo, é apenas o que é. Na maioria das vezes, a gente, por causa da impregnação da religião em nós, é que endiabramos tudo, segundo os ‘não podes’ e classificações de coisas ‘do mundo’.

Entretando, digo e reforço; Gente, tratem tudo sempre na verdade, sem manipulação. Não endiabrem a vida, mas também não barateiem a graça. Levem Deus à sério. Não é necessário nenhum Marketing pra manter ninguém em lugar nenhum, quando se trata de Deus. Aos que estão começando agora a caminhada pelo Caminho, digo, coma do evangelho e somente do evangelho, a verdade é só Jesus e o fardo dele é leve. O que estiver fora disso e vier como peso, não provém dEle, pois, a verdade em nada oprime, mas liberta.

Aos que estão no Caminho a mais tempo, instrua os novos somente com a verdade, pois, todos estamos debaixo da graça que nos justifica e dentro de nós há um espírito que nos convence do pecado e nos conduz, diante de todas as coisas que nos são lícitas, por caminhos que convém e edificam.

Creio muito mais que o que faz realmente diferença é ser igual. Na gente, uns com os outros, é a igualdade que faz a maior diferença. Saber que todo mundo é gente do mesmo jeito, vive sob o mesmo sistema, tem as mesmas crises, vive as mesmas questões na juventude, enfrenta as mesmas tentações e até comete os mesmos pecados. Caminhar com quem sofre das mesmas coisas que nós é muito melhor do que caminhar achando que a gente é o problemático.

Foi assim com Jesus. Ele, que era Deus, se encarnou e tornou-se homem, igual a nós. Pra viver as mesmas aflições e dores. Do contrário, o sacrifício na cruz não seria de fato sacrifício e não poderia redimir como redime.

A gente vive melhor a verdade quando entende que a vida tem dessas coisas mesmo, que nenhuma anormalidade há nisso tudo, mas que Deus dá força pra gente enfrentar a vida como ela é e escolher aquilo que é bom e faz bem. O merchandising de Cristo foi feito lá na cruz, onde ele foi vendido como produto, pra vender sua vida afim de comprar a nossa, pagando o preço de nossos pecados. E Ele estava nú. Isso sim é que é radical.

Entenda o que digo. E que Deus te dê o entendimento que vem dEle e está pr'além de mim e de qualquer outro,

Isa.