sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O nome dela



Ela era um mistério, que ele insistia em desvendar.
Ela dizia: 'Não adianta, aceite e só'.

Ele, perturbado, viciado em ter de tudo a compreensão - ao menos, sobre muito, pensava que tinha - permanecia inquieto: Deve haver'um meio de entender. - Pensava, decidido.
Ele, acostumado a comprar tudo [de algum jeito] que lhe servisse de 'sabedoria' - para arquivar na estante do seu ego - com ela, não podia.
Andou por muito tempo contorcido, estrebuchando, agonizante, feito um peixe em água irregular, de PH inadequado.
E ela, ela dizia: Não adianta, aceite e só. Sempre.
Ele a hiperbolava. Chamava-a - quase declamando - de jardim secreto. E, sem hesitar, se embrenhava entre suas flores, árvores, canteiros, seus odores e cheiros. Sentia-na como sem preço.

Ele indagou, sem mais aguentar: - Por que?
Foi quando exalou-lhe um gosto, que lhe tocou os imparáveis pensamentos, sussurrando, a maior de suas frases: - Saiba: eu não sou tua. Sou pra você. Eu venho.  Te sou presente sem preço. Entenda apenas o que lhe cabe: aceite e só. Isso te basta.

Ainda resistente, mas, um pouco amolecido, lhe perguntou o nome.
Ela, transbordante, respondeu: - Sou Graça.



Isa
25/02/2011