quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O respeito como fruto do amor.

Durante o golpe de 1969, meu avô era militar.
Pra ele, o que era bom naquela época, que hoje ele diz quase não ver, era o respeito às autoridades. Bastava passear pelas ruas vestindo uma farda e já se impunha respeito.

Eu entendo o porquê de meu avô dizer assim.

Nos nossos dias, dificilmente se verá tanto respeito por alguém que vista uma farda ou qualquer roupa de autoridade qualquer, ainda mais se for política. Mas, talvez, tanto des-respeito seja resultado da própria Ditadura militar.

Naquele período, provavelmente o respeito não vinha pelo serviço de segurança prestado à população. Mas sim como resultado de todo o efeito de repressão, ou seja, medo. Medo de sofrer perseguição, medo de ser morto como alguém que conspirava contra o governo. Medo de abrir a boca e levar um soco que lhe quebrasse os dentes todos.

Entretanto, se a ditadura militar gerou medo nas pessoas, certamente, também gerou revolta, raiva, inconformismo e intolerância. O que explica, de certa forma, todo o des-respeito que é presente hoje. Quem sabe seja isso herança impregnada e desenfreada em nossa geração, pela vivência reprimida de nossos pais e avós, e nos traga repulsa quanto às autoridades, e a todo mundo, pela associação com o mal da injustiça praticada pelos que deveriam prezar pela ordem justa a todo cidadão durante a ditadura militar.

Por isso, a nossa intolerância hoje é tão des-norteada e cheia de injustiça quanto eram as ações dos militares da ditadura. Sim, pois, se os que lutaram contra o militarismo opressor foram tomados por intolerância contra a injustiça, engajados numa luta por direitos, democracia e liberdade, nós somos cheios de intolerância sem senso de justiça e que não enxerga nunca qualquer compromisso de respeito pelo outro. Somos revoltados contra os nossos próprios pais, mas conformados com as besteirices da política suja e com as injustiças sociais.

Por isso, o fruto do respeito pelo medo, nunca será o respeito de verdade, mas sempre o próprio des-respeito sem o medo de des-respeitar pela justiça injusta da geração de intolerância burra e sem propósito.

Diferente de quando o respeito acontece pelo amor. Sim, pois, o amor dá como fruto o respeito que preza sempre pela justiça e verdade e é intolerante com o des-respeito e a própria injustiça, posto que o amor também não toléra tais coisas, mas também não des-respeita.

No amor, toda e qualquer sub-missão acontece pelo respeito conciênte que reconhece no outro um poder de autoridade ou posição a ser respeitada, mesmo quando esse outro não possui qualquer posto a que se lhe atribua poder a lhe render gente submissa.
Sim, o respeito acontece por se ver no outro o direito de respeito mesmo que se não concorde com ele, que não se lhe deva comportamento submisso, ou que se ache nele toda forma de injustiça com os outros. Ainda assim, não se deve des-respeitar.

Ora, acaso a injustiça de alguém já não lhe cai como o seu próprio mal, posto que até mesmo a injustiça gera o fruto justo do respeito falso sem amor e da intolerancia com a injustiça por ele cometida? Assim, não é injusto respeitar alguém em sua injustiça, bem como não é justo o des-respeito onde há justiça. Entretano, respeitar não é sinônimo de tolerancia com o que é injusto, e tampouco de conformidade. Pois, assim como quem des-respeita não é justo, quem tolera a injustiça também é conivente e de igual forma praticante da injustiça.

É por isso que eu entendo o meu avô e o respeito, mesmo sem concordar que naquele tempo existia mais respeito, apenas medo e opressão. É por causa do amor, que é justo e verdadeiro. Pois, à luz da verdade do amor, nem sequer necessidade haveria de existir gente de farda pra que houvesse respeito se, ao contrário, existisse amor, que é só o que pode gerar o fruto do respeito verdadeiro e justo! Nem mesmo seria necessário respeitar as manifestações de injustiça, pois no amor nada existe que não seja justo.

Assim, você pode discordar, achar besteira e injusto tudo o que eu disse aqui. Mas jamais des-respeitar. Se não, o fruto da justiça do amor não estará em você.

Com amor e respeito,
Isa.


(Me desculpem pelas tantas repetições. É qu’eu quis enfatizar. Rs)