segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dos julgamentos que engessam a consciência e das reflexões que lhe geram transformações

...Da [meditação] soberba e a força das questões do ser...
Le Penseur - Auguste Rodin


...Sobre a criação de consciência de indivíduos e o enfrentamento aos paradigmas coletivo/individuais pela busca da compreensão do 'alheio', sem a arbitrariedade do prévio julgamento absoluto à todos e à tudo...




Os questionamentos são condicionados pelas dúvidas, curiosidades, interesses e afins.
As respostas, são condicionadas pela profundidade da reflexão, segundo vários outros fatores, como: valores, crenças, repertório histórico, cultural, artístico, ético, etc.
As interpretações, do mesmo modo que as respostas, são condicionadas pelos mesmos fatores.
Das duas últimas - respostas e interpretações - ambas possuem um ciclo de interpretação-compreensão e compreensão-interpretação.
Por vezes, o processo se inicia na compreensão, seguido da interpretação pela compreensão, culminando na compreensão pela interpretação refletida.
Em outras, acontece invertida, mas com efeito semelhante; inicia-se na interpretação que gera compreensão, e termina na re-interpretação pela compreensão adquirida.
Tanto a compreensão, como também a interpretação, estão sujeitas uma à outra. Caso sua compreensão seja X, logo, sua interpretação caminhará pelas linhas do caminho X. E vice versa.

O fato é que, toda compreensão/interpretação é fruto da profundidade da reflexão que se faz ou se tem, segundo um repertório. Quando tal reflexão é tendenciosa, as conclusões serão sempre condicionadas, desconsiderando cenários paralelos, outros caminhos de pensamento ou possibilidades, bem como a realidade e implicações em tal realidade dos elementos e/ou indivíduos envolvidos. Logo, até que a mente se abra e se transforme, estaremos fadados aos pensamentos repletos de ingenuidade. O que, em certas situações e condições, poderá nos tornar incapazes de reconhecer e identificar o bem maior, ainda que pelo mal menor, sem que isso gere em nós crises morais, éticas e existenciais, além de uma culpa infindável na consciência.

Ora, toda reflexão descondicionada coloca em perspectiva os vários fatores a serem considerados, se embrenha nos caminhos possíveis à serem explorados, afim de compreender o todo sem condicionar-se até mesmo, por uma primeira impressão que se possa ter sobre algo.
O resultado é a libertação da mente e compreensão do mundo pr'além das paredes paradigmáticas dos conceitos iniciais, pré-concebidos segundo a ditadura da moralidade - religiosa ou não - do politicamente correto ou ainda, sob os julgamentos pré-determinados à tudo e à todos como absolutos, sem considerar a realidade e condições sobre a qual tal reflexão acontece.

Pensar assim é, de modo algum - e diga-se ainda ser diferente - , pensar pelos critérios da relatividade, onde, podendo existir qualquer verdade, não permite, portanto, a manifestação da verdade de fato. Antes, isso é, essencialmente, pensar.
 A verdade não pode ser relativizada. Ela é única o tempo todo. Mas, importa que seja pensada caso a caso. Ora, assim fazendo não se relativiza a verdade e nem tampouco se despreza a realidade em questão. Antes, se compreende o todo. A verdade continua sendo verdade ainda que em realidades diferentes. A verdade relativa - ou falsa-verdade-  não. Esta busca agradar aos Egos, do modo como lhes convém.

Experimente pensar livremente, e logo lhe virão os balisadores de pensamentos - e nesse posto, considere-se também um potencial balisador de sí mesmo e, principalmente dos outros -, tamanho temor e embaraço que sentem - ou sentimos - em explorar os limites do desconhecido, em virtude da qual nos encolhemos ao pensamento preguiçoso, de raza reflexão, e por isso, condicionados - ou condicionando-nos - aos pensamentos também condicionados de igual forma (ou por consequência de...).

Ainda assim, de nada bastam apenas as reflexões. Ora, os princípios e conceitos, intelectualizados, armazenados na mente, causarão algum impacto apenas se perpetuarem em ações coerentes com o que se crê. Do contrário, serão apenas discursos e você, provavelmente se verá rendido às suas maiores repugnâncias e condenações. Porque não há um que não condene o que mais deseja. Porque o tropeço está no que mais se cobiça.

Para tal caso, basta considerar uma situação qualquer em que você, como espectador, julga à seu modo as escolhas e atitudes alheias. E isso, geralmente, sem considerar o outro como parte afetada pelas escolhas feitas e atitudes tomadas. Julgar qualquer coisa, quando referente ao outro, é fácil. Colocar-se no lugar e julgar do mesmo modo, é conflitante. 
Pois não há quem julgue a própria causa sem pesar sua própria dor. Afinal, se a dor não é nossa, a sentença é certa.

Para uma mudança em tal realidade, é necessário mergulhar no lago de nossas concepções e percepções, dispostos a rompermos com nossos próprios paradigmas, entendendo nossa própria cosmo-visão - reconhecendo que talvez precisemos muda-la -, chegando assim à superfície que não é superficial, mas que, inexperadamente, porém de modo óbvio, nos revela o infinito [o céu, o espaço], mais profundo que o fundo do mar.


NaquEle que compreendeu todos em tudo, sem jamais sub-julgar de modo absoluto, antes, estendeu misericórdia, tratando cada um segundo seu caso...

Isa.
18.04.11

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[Pensamentos à partir de Romanos 12.2, seguido de compreensão 'desabsolutizada' a respeito de questões polêmicas, somados aos fragmentos de outros pensamentos e afloramento de uma consciência já existente - mas adormecida - resurgida em uma conversa sobre os valores pessoais como mutáveis, sendo estes diferentes dos inegociáveis valores do Reino e seu Rei, segundo minha fé no Cristo.]