domingo, 14 de junho de 2009

VocÊ ConSeGue CrêR?





Casa como morada pra quem morreu de frio sob as pontes. Você consegue crer ?

Descanso para os pés dos meninos que tiveram suas pernas arrancadas pela mina terrestre.

Dignidade para a prostituta expulsa da igreja aos berros do sacristão. Você consegue ouvir seus passos ?

As lágrimas são enxugadas da menina-mãe que beirou o caixãozinho do bebê que se foi com a enchente.

As correntes dos mártires se quebrou no pronunciamento dum único Nome.

Abraço para os órfãos que o Holocausto provocou. Reencontro.

Uma fila de aleijados que agora em pé, abandonavam suas muletas. Macas foram empilhadas.

Crianças correndo. Negrinhas, japonesinhas, indiozinhos e loirinhos de mãos dadas. Você vê o vento em seus cabelos ?

Filhos e pais sorriem juntos quando passeiam pelos verdes campos.

Os que dantes, desidratados nos sertões, nos desertos, nas vilas africanas, lavam as mãos no Rio.

Não há desconhecidos. Todos dormem sob as enormes oliveiras sem o medo de qualquer assalto.

Não há um, um que seja o coração que ame pouco. E por se amarem tanto, mistura-se lágrimas com sorrisos.

Não existem mais velhos ou mais novos. Só se sabe que os de cabelos brancos contam belas histórias em volta da mesa na colina.

Há cores. Tudo é colorido. Mas as bandeiras são brancas de paz.

Há trajes. Cada nação se veste como lhe é típica. Alguns brasileirinhos de olhos puxados e rosto pintado não se vestem - eles preferem assim.

Os italianos, com a bagunça típica, festeja ante o Trono.

Os ugandenses dançam juntos, celebram.

Os chineses, um pouco acanhados, sorriem e disfarçam. Suas palmas puxam o grande coral de aplausos!

Há tribos, e cada uma celebra de uma forma. Mas seus barulhos são uniforme, quebrando a barreira física dos sons.

Não há furacões, mas a leve brisa que vem cheirosa, chacoalha os capins-cidreira. Faz cair a folhagem do carvalho.

Não há tempestades, a não ser que se deseje, na hora do sono. Não há sono, a não ser que deseje tirar uma soneca.

Há chuva, onde os meninos correm pelo campo enlamaçado. Não existe gripe nem resfriado. Não existe. Mesmo que deseje.

Seres antes invisíveis são vistos por todos os lados. Alguns grandes e luminosos jogam futebol com as crianças - eles sempre trapaceiam de brincadeira e quando são descobertos, os meninos têm por regra o direito de dar uma volta com eles, e voam.

Há animais. Até os feiosos são amáveis. Os que dante inimagináveis, dão carona aos menores.

Em toda manhã os sabiás, piriquitos, canários e pardais se reúnem na copa das árvores e cantam. Alguns anjos fazem segunda voz.

Os papagaios fazem algumas piadas. Realmente engraçadas, mas o riso da hiena sempre causa mais riso, até que o porco arrote, depois de segundos de silêncio com certa indignação, todos riem até que a barriga dói. Não tem como não sorrir.

Alguns homens, mulheres e crianças andam com coroas que se encaixam perfeitamente na cabeça e realça a beleza dos olhos. Essas coroas, os de cabelos brancos explicam que é para todos aqueles que traziam no rosto as cicatrizes produzidas pelo ódio contra o amor. Mas ninguém sabe o que é ódio, apesar disso, todos entendem.

Há uma porção de coisas que ninguém sabe o que é mas entende o que se diz. Relógios, velórios, dor, tristeza, rejeição, fome, medo, sede, armas, seringas, dogmas, preconceito...

Quem segue o rio, chega num lugar onde há um trono. Mas quem quiser ir sem chegar, pode. A onipresença alcança a todos, mas cada um ocupa o seu lugar. As crianças que geralmente correm pra lá e prá cá, são sempre seduzidas a ficarem perto do trono. Não há tempo e nem relógio, portanto, não há hora pra chegar em casa. Apesar de não ter tempo, tem dia e tem noite. Mas tem pra quem quer. Dá pra escolher o cenário.

Todos são um pelo amor. Há sempre um clima que acende os corações. Há sempre uma paz que excede todo o entendimento. Não os de quem vive lá, mas o entendimento dos que ainda não chegaram.

Há um Homem franzino, de cabelos cacheados e sorriso fácil. Todos, quando vêem suas mãos, as segura e ajoelham com reverência. Depois O abraçam e evitam olhar nos Seus olhos. Os de cabelos brancos dizem que são olhos que mostram o amor por todas as pessoas do mundo. Amor deste tamanho é grande demais prá um só. Mas as crianças olham com facilidade, algumas com olhinhos puxados, parecidas com um menino que existiu antigamente, seu apelido era Down, porque ele tinha olhinhos puxados e sorriso contagiante, olham e até piscam! Os de cabelos brancos dizem que é porque essas crianças são especiais porque dentro de seus olhos cabe todo o amor pelo mundo todo e eles também dizem, em volta da mesa na colina, que quem tem cabelo branco conhece bem o Homem de olhos doces, mas que só as crianças conseguem desvendar os segredos dos olhos de Quem amou a todos.

Ah, e não pode se esquecer da madeira em forma estranha de cruz. Ela está vazia. Todos sabem que lá, o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo. Ninguém sabe o que é mundo. Mas todos sabem que já estiveram lá e se emocionam quando de alguma forma se lembram que Aquele que se assenta no trono, amou o mundo de tal maneira que se fez gente num menino que chamou Jesus. Ele estava em Jesus reconciliando consigo o mundo.

Ah, esse é o nome do Homem de olhos doces. E quando se pronuncia até dói o coração por amor. Todos sentem. Mas ninguém sabe o que é dor. Por isso, em unânime eles costumam falar que é um aperto no coração. Do amor que dói de tanto amar e ser amado.

Ah, um segredo. Ninguém sabe explicar o que é amor. Sabem que é o que define o Homem do trono e Seu Filho. Mas só. Eles dizem que amor não se explica ... aperta no coração.



Gito.



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Um texto sobre o céu.
Toda vez que leio, releio e Fico imaginando.
É o Lugar por onde o meu peito chora de saudade.